É uma tradição brasileira assistir à corrida de São Silvestre todos os anos.* Não sei quanto a vocês, mas assistir aos primeiros 10 minutos já me fazem ficar ofegante… Sempre me pergunto como é possível correr ininterruptamente por 21 km – que dirá chegar na frente de todos os outros corredores. Bom, a verdade é que, assim como em qualquer esporte, existem inúmeros fatores que influenciam quem são os vencedores de corridas de longas distâncias, como a maratona ou a São Silvestre. Treino, altitude de treino, capacidade pulmonar, de oxigenação do sangue… Se pudéssemos escolher, qual seria o DNA ideal para montar o maratonista perfeito para a competição?
Fibra muscular
Um dos principais fatores que influencia no desempenho dos atletas em corridas de longa distância é a resistência muscular – quanto tempo um músculo consegue atuar antes da sua exaustão. Aqui, um componente genético é um dos maiores determinantes: o tipo de fibra muscular. Existem três tipos de fibra muscular: o tipo 1, classificado como contração lenta oxidativa e o tipo 2, de contração rápida, dividido em A (oxidativo) e B (glicolítico).
Apesar de nomes complicados, não é difícil entender seus papéis. A fibra muscular tipo 1 é empregada tanto em atividades que requerem pouca energia, como levantar de uma cadeira ou escovar os dentes, quanto em atividades que requerem uma quantidade um pouco maior de energia, mas por mais tempo, como corridas de maior distância. Estudos mostram que um dos principais genes relacionados ao desempenho atlético é o ACNT3, responsável pela produção da proteína alfa-actina 3, encontrado em músculos do tipo 2.
Já a fibra muscular tipo 2 é empregada para atividades de explosão. Levantar um halter pesado na academia ou correr 100 metros rasos são exemplos de seu uso. Elas são capazes de exercer muita força e requerem muita energia de uma vez, e como consequência, são exauridos rapidamente. Já as variantes nesse gene podem levar à ausência de produção desta proteína, o que favorece uma composição muscular predominantemente de fibra muscular tipo 2. Esta variante, chamada de 577XX é mais comum em atletas de esportes de resistência do que no resto da população.
Ai! Ai! Ai! Cãibra!
Outro fator limitante para maratonistas e corredores da São Silvestre é o acúmulo de lactato nos músculos. O lactato é uma substância produzida pelo corpo como subproduto durante exercícios ao quebrar glicose e que pode ser usado novamente para gerar mais energia. Quanto mais intensa a atividade física, maior a produção de lactato. No entanto, nosso corpo possui um limite de conversão do lactato e assim, ao passar esse limite, experimentamos os efeitos do acúmulo do lactato.
Provavelmente todos já passamos por essa sensação: os músculos começam a arder em uma sensação de queimação, acompanhado de respiração ofegante e a fadiga cada vez maior dos músculos. A capacidade de conversão de lactato pode ser melhorada com treino, mas assim como outros fatores, esbarra num fator limitante: o tipo de fibra muscular limitante. Como explicado anteriormente, as fibras do tipo 2 são melhores para exercícios de maior duração, e um dos motivos é a melhor capacidade de conversão do lactato. Além disso, outros genes herdados e encontrados comumente em maratonistas estão relacionados com uma maior produção de mitocôndrias, uma das organelas responsáveis pela limpeza do lactato acumulado. Mais um ponto pra genética.
Quanto mais oxigênio melhor
O VO2 max, ou volume de oxigênio máximo, é um dos grandes diferenciais de maratonistas. Essa medida expressa a capacidade máxima do corpo de transportar e utilizar oxigênio para os músculos durante exercícios. Essa medida pode variar mais de 60% entre pessoas sedentárias e atletas maratonistas, e, novamente, temos o DNA falando alto. Estudos mostram que o nosso VO2 max é influenciado em até 50% pela nossa genética, com genes inclusive ditando o quão melhores eles podem ficar com treino.
O DNA perfeito para a maratona. Corre torto não!
Muita gente acha que sabe correr e não precisa aprender nada sobre isso, já que nós andamos a vida toda e esse movimento parece tão natural. No entanto, a corrida pode ser um movimento com muito impacto para as articulações e para a coluna. Muitas vezes corremos de forma errada que podem nos deixar mais lentos, não só atrapalhando a nossa performance como também resultando em lesões. Em geral, para uma boa forma, os corredores de elite costumam manter a posição do corpo retamente e levemente inclinada, com a cabeça e ombros relaxados enquanto correm, usando os braços para controlar o ritmo e várias outras nuances. A parte boa é que esse aqui dá pra aprender!
Além de todos esses fatores, existem outros como quão bem seu corpo armazena e gasta glicogênio, formato das pernas, tempo de recuperação após o treino, etc. que influenciam o sucesso de maratonistas. Independentemente de fatores genéticos, no entanto, é importante se dedicar ao esporte caso você goste, já que seus inúmeros benefícios costumam valer a pena – mesmo que você não seja o maior maratonista do mundo.
Ainda assim, se você gostaria de saber qual das variantes do gene ACNT3 possui, qual sua capacidade cardiorrespiratória (VO2 max), quão bem se recupera dos exercícios e outros fatores genéticos que podem influenciar no seu desempenho nos esportes, o Genera Fit foi feito para você. Com ele, você pode conhecer melhor o seu corpo e ajustar o seu treino para atingir os melhores resultados. De repente você pode ser o próximo grande maratonista brasileiro – só falta te contarem.
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*Por conta da pandemia do novo coronavírus, a edição 2020 da corrida vai ser realizada somente em 11 de julho de 2021.
Referências
https://caloriebee.com/workout-routines/Physiological-Characteristics-Of-A-Marathon-Runner
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6683622/
https://blog.nasm.org/fitness/fast-twitch-vs-slow-twitch#comparison