O lúpus é uma doença que, embora não seja conhecida de maneira ampla por todas as pessoas, deve ser analisada com atenção, uma vez que não tem cura e pode afetar diversos órgãos do corpo humano.
Lúpus é o nome popular da enfermidade lúpus eritematoso sistêmico (conhecida também apenas pela sigla LES). É uma doença inflamatória autoimune que apresenta diferentes tipos, a depender da manifestação dos seus sinais e sintomas e, também, das suas causas e fatores de risco.
Entenda com a Genera quais são os diferentes tipos de lúpus, suas causas, sintomas e todos os fatores envolvidos.
O que é uma doença inflamatória autoimune?
Quando falamos que o lúpus é uma doença autoimune, isso significa que ela tem relação com o nosso sistema imunológico. Esse sistema é responsável por ajudar o nosso corpo a se defender de agentes externos. Quando uma bactéria o atinge, por exemplo, o sistema imunológico entra em ação para combatê-la.
No caso das doenças autoimunes, esse sistema, que deveria nos proteger, não consegue distinguir o que é nocivo ou não ao organismo. Assim, ele vê o nosso próprio corpo como uma ameaça e passa a atacá-lo (como se estivesse sendo invadido por uma bactéria ou um vírus).
O lúpus, especificamente, é uma doença autoimune inflamatória. Isso quer dizer que os ataques do corpo a si próprio levam a uma reação inflamatória, que pode acometer diversos órgãos, como a pele e os rins.
De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, as doenças autoimunes não têm cura, mas é possível controlar os seus sintomas através de tratamentos. Outras patologias desse tipo, além do lúpus, são a artrite reumatoide, a diabetes tipo 1, a esclerose múltipla e a psoríase.
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Quais são os tipos de lúpus?
Há dois tipos mais comum de lúpus, que representam a grande maioria dos casos: o lúpus cutâneo e o lúpus sistêmico. O primeiro afeta a pele da pessoa, principalmente na zona da cabeça, acometendo a face, a nuca e o couro cabeludo. Ele é caracterizado pelo surgimento de lesões avermelhadas que podem ter diversos tamanhos.
Já o lúpus sistêmico – o tipo mais comum da doença – atinge, além da pele, órgãos e tecidos internos do corpo humano, como rins, pulmões, coração e as articulações. É possível que pessoas que apresentem somente lesões na pele, ou seja, que tenham lúpus cutâneo, sejam diagnosticadas posteriormente com lúpus sistêmico.
Existem ainda outros tipos da doença, porém menos comuns. Um deles é o lúpus neonatal, que afeta os recém-nascidos. O outro é o lúpus induzido por drogas ou medicamentos, que é causado em decorrência da utilização de determinadas substâncias.
Sinais e sintomas mais comuns
As manifestações tanto do tipo cutâneo quanto do sistêmico do lúpus podem ser leves, moderadas ou graves, dependendo de cada caso. Os sintomas da doença, além disso, não são constantes, ocorrendo em crises esporádicas que podem ser seguidas de períodos de remissão. Portanto, é comum que as pessoas com lúpus notem os seus sintomas apenas em momentos específicos.
Os sinais e sintomas do lúpus incluem, com maior frequência, vermelhidão e lesões no rosto, febre, dor nas articulações, inflamação dos rins e alterações no sangue, que podem ser detectadas por meio de um hemograma. Casos mais graves da doença podem levar a inflamações no cérebro acompanhadas ou não de convulsões, arritmia e alterações comportamentais.
Como não existe uma cura, o tratamento é elaborado de acordo com as necessidades de cada paciente, a considerar o grau da doença e os sintomas específicos.
Fatores de risco para o lúpus
Não existe uma causa bem estabelecida para o surgimento do lúpus, atesta o Ministério da Saúde. Apesar disso, o órgão esclarece que a doença é ocasionada devido a uma combinação de vários fatores, como os hormonais, os infecciosos, os genéticos e os ambientais.
Por ser uma doença que acomete com frequência a pele, a exposição à luz solar é um fator de risco, uma vez que pode levar a lesões ou agravar as já existentes caso a pessoa tenha lúpus. Além disso, infecções, mesmo que não sejam associadas inicialmente ao lúpus, podem desencadear um quadro da doença. Outro fator importante é o uso de medicamentos, como antibióticos e anticonvulsivos, que podem estimular episódios de lúpus.
Em relação à genética, ainda não há evidências de que um único gene ou uma combinação de genes sejam responsáveis pelo lúpus, mas, segundo a organização não governamental Lupus Foundation of America, estudos já conseguiram relacionar certas mutações do DNA com a doença.
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Além disso, o histórico familiar de lúpus ou outras doenças autoimunes também pode ser um fator de risco, uma vez que existe um risco aumentado de se desenvolver a doença caso uma pessoa da família tenha sido diagnosticada com ela.
Lúpus no Brasil e no mundo
Estima-se que, em todo o mundo, cerca de 5 milhões de pessoas vivam com lúpus. A doença afeta especialmente pessoas do sexo biológico feminino (9 em cada 10 pacientes) com idade entre 15 e 44 anos, de acordo com a Sociedade Mineira de Reumatologia.
É sabido, também, que a doença costuma ser mais prevalente em certos grupos populacionais, como em mulheres negras e latino-americanas, em comparação com mulheres brancas.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Reumatologia calcula que aproximadamente 65 mil pessoas tenham sido diagnosticadas com a doença. A organização afirma que, assim como a nível global, ela seja mais prevalente entre as brasileiras e estima que 1 em cada 1.700 mulheres no Brasil tenham lúpus.
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