
A hipoacusia é uma condição que pode se manifestar de forma sutil no início, mas traz impactos significativos à qualidade de vida. Dificuldade para compreender conversas, sensação de que os sons estão abafados ou distantes e a necessidade frequente de aumentar o volume da televisão são sinais comuns.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 430 milhões de pessoas vivem com algum grau de perda auditiva incapacitante, e esse número pode dobrar até 2050, reforçando a importância de realizar o diagnóstico e tratamento precocemente.
Hipoacusia: o que é?
A hipoacusia é caracterizada pela redução da capacidade auditiva, tornando mais difícil para a pessoa perceber sons no volume habitual. Como resultado, pode ser necessário aumentar o tom de voz durante uma conversa ou elevar o volume da televisão e do rádio para compreender melhor o que está sendo dito.
Quais são os tipos de perda auditiva?
A perda auditiva pode se manifestar de diferentes formas e é classificada em três tipos principais, conforme a área do sistema auditivo afetada: condutiva, neurossensorial e mista. Cada uma apresenta características distintas e exige abordagens específicas no diagnóstico e tratamento, conforme explicamos a seguir.
Perda auditiva condutiva
Ocorre quando há um bloqueio ou problema na condução do som desde o canal auditivo até o ouvido médio. Pode ser causado por fatores como acúmulo de cera, infecções, perfurações no tímpano ou malformações. Nesses casos, o som não chega com clareza às estruturas internas responsáveis por processá-lo, embora o ouvido interno esteja preservado. Em geral, é uma condição com maior chance de reversão, especialmente quando a causa é tratável.
Perda auditiva neurossensorial
Mais comum, esse tipo está relacionado a danos nas células sensoriais da cóclea (no ouvido interno) ou no nervo auditivo, que transmite os sinais sonoros ao cérebro – quando acomete o nervo auditivo é um subtipo da perda neurossensorial também chamada de perda auditiva retrococlear).
A perda neurossensorial pode ser provocada pelo envelhecimento natural, pela exposição prolongada a ruídos intensos, por doenças genéticas e/ou neurológicas ou por condições associadas a doenças crônicas, que podem afetar o funcionamento do sistema auditivo. Em muitos casos, é permanente e requer o uso de aparelhos auditivos ou outras soluções de reabilitação.
Perda auditiva mista
É uma combinação das duas anteriores: há tanto comprometimento na condução do som quanto nas estruturas internas responsáveis pela audição. Embora seja menos comum, a perda mista costuma estar associada a doenças mais complexas, muitas delas de causa genética, ou condições que afetam múltiplas partes do ouvido, exigindo uma abordagem terapêutica mais ampla.
O que pode causar hipoacusia (perda de audição)?
A perda de audição, conhecida como hipoacusia, pode ter diversas origens, variando de fatores temporários a condições permanentes. Entre as principais causas estão:
- Acúmulo de cera: uma vez que o excesso de cerume pode bloquear o canal auditivo, dificultando a passagem do som até o cérebro e reduzindo a percepção auditiva.
- Envelhecimento: nesta fase, surge a necessidade de dar atenção à saúde do idoso, pois a capacidade auditiva pode diminuir devido à degradação natural das células responsáveis pela audição. Fatores como exposição prolongada a ruídos intensos ou o uso de determinados medicamentos também podem acelerar esse processo.
- Exposição a ruídos intensos: trabalhar em ambientes ruidosos, como fábricas ou obras, além de ouvir música em volume muito alto, pode provocar danos progressivos ao ouvido interno, resultando em perda auditiva.
- Fatores genéticos: a predisposição hereditária pode influenciar o desenvolvimento da hipoacusia, tornando algumas pessoas mais suscetíveis a alterações auditivas ao longo da vida.
- Infecções: doenças como a otite podem causar inflamação e acúmulo de líquido, dificultando a transmissão do som e levando a um quadro temporário ou permanente de perda auditiva.
- Síndrome de Ménière: quando essa condição afeta o ouvido interno, pode-se gerar episódios de vertigem, zumbido e perda progressiva da audição, devido ao acúmulo de líquido nos canais auditivos.
Quais são os sintomas da Hipoacusia?
A hipoacusia pode se manifestar de diversas formas, afetando a percepção sonora de maneira progressiva ou súbita. Entre os principais sintomas está a dificuldade de compreender conversas no volume habitual, o que pode levar a pessoa a falar mais alto sem perceber, acreditando que os outros também têm dificuldade em ouvi-la. Além disso, é comum a necessidade de aumentar o volume da televisão, celular e rádio para captar melhor os sons.
Outro sinal característico é pedir com frequência para que os interlocutores repitam o que disseram ou falem mais alto. Muitas pessoas com hipoacusia também relatam a sensação de que os sons ao redor parecem mais distantes ou abafados, tornando a comunicação diária um desafio.
Como diagnosticar hiperacusia?
Geralmente, o diagnóstico da hipoacusia, assim como de outros tipos de surdez, começa com uma análise detalhada do histórico do paciente, incluindo sintomas, exposição a ruídos intensos e possíveis doenças associadas. Em seguida, é realizada uma avaliação audiológica completa, que pode incluir testes específicos de audição para identificar como o paciente percebe diferentes intensidades sonoras.
Entre os testes utilizados por especialistas, a audiometria tonal é um dos mais comuns e avalia a capacidade do paciente de perceber sons em diferentes frequências e intensidades. Já a audiometria vocal vai além: analisa a compreensão da fala em vários volumes, o que ajuda a identificar se o problema está apenas na percepção dos sons ou também na interpretação da fala.
Outro exame bastante utilizado é o de emissões otoacústicas, que capta as respostas das células da cóclea (parte interna do ouvido) a estímulos sonoros. É especialmente indicado para recém-nascidos, permitindo a detecção precoce de alterações auditivas, mas também é útil para o acompanhamento da saúde auditiva de profissionais expostos a ruídos intensos, como músicos e operários.
A timpanometria, ou imitanciometria, analisa o funcionamento da orelha média e do tímpano ao medir suas respostas a variações de pressão. É essencial para detectar infecções, perfurações, acúmulo de líquido ou alterações nos pequenos ossos do ouvido.
Por fim, o potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE ou BERA) é um exame mais aprofundado em relação às emissões otoacústicas, que avalia como o cérebro responde aos sons recebidos. É indicado para recém-nascidos com suspeita de surdez, bem como para crianças e adultos em que se suspeita de causas neurosensoriais para a perda auditiva.
A partir desses exames, o médico pode confirmar o diagnóstico e indicar as opções de tratamento mais adequadas para aliviar o desconforto causado pela hipersensibilidade auditiva.
Tratamentos para perda auditiva: o que funciona?
O tratamento da perda auditiva varia conforme a causa e o grau da deficiência auditiva, sendo sempre orientado por um otorrinolaringologista.
Em casos mais simples, como o acúmulo de cera no canal auditivo, a solução pode ser uma lavagem feita com instrumentos apropriados no consultório médico. Já quando a perda está associada a infecções, como otites, o uso de antibióticos pode ser necessário para combater a inflamação e restaurar a audição.
Se o problema for causado por presença de água ou objetos estranhos no ouvido, a remoção deve ser feita por um profissional, geralmente com a ajuda de instrumentos como pinças ou dispositivos de aspiração.
Em quadros mais avançados, especialmente em perdas auditivas relacionadas ao envelhecimento ou a danos no ouvido médio, o uso de aparelhos auditivos – também conhecidos como próteses acústicas – costuma ser uma das principais alternativas para melhorar a capacidade de escutar.
Quando essas soluções não são suficientes, o tratamento pode exigir intervenções cirúrgicas, como a timpanoplastia, mastoidectomia ou estapedectomia, que visam reparar estruturas danificadas do ouvido e restaurar a função auditiva.
Por fim, para pacientes com perda auditiva grave, desde que preservada a função do nervo auditivo retrococlear, o implante coclear surge como uma opção eficaz. Trata-se de um dispositivo eletrônico implantado cirurgicamente que estimula diretamente o nervo auditivo, transformando os sons captados por um microfone externo em sinais elétricos enviados ao cérebro.
Fatores genéticos ligados a Hipoacusia?
Quando há predisposição hereditária para a hipoacusia, a realização de exames genéticos pode ajudar a identificar predisposições hereditárias e orientar o acompanhamento médico adequado.
Existem múltiplas formas de perda auditiva genética com mais de 200 genes já sabidamente associados. As perdas auditivas de causa genética podem ser divididas em 3 categorias: sindrômicas, surdez isolada de herança monogênica e predisposição poligênica para perda auditiva. Nos casos de surdez sindrômica e monogênica, testes de sequenciamento de nova geração para painel de surdez hereditária ou sequenciamento do exoma completo auxiliam no diagnóstico.
Já para estimativa de risco associadas a múltiplas mutações de pequeno impacto (padrão de herança poligênica) ainda não existe um Escore de Risco Poligênico com validação clínica no Brasil. Mas, como há uma quantidade de estudos na área, é possível que tenhamos um teste disponível em breve.
Um caso famoso de perda auditiva é o do compositor Ludwig van Beethoven. A análise de seu DNA, feita a partir de fios de cabelo atribuídos a ele, não identificou uma causa genética que os cientistas estavam procurando, mas trouxe novas perspectivas sobre sua saúde e ancestralidade.
Qual médico procurar para perda de audição?
Para investigar a perda de audição, o especialista mais indicado é o otorrinolaringologista, médico responsável pelo diagnóstico e tratamento de problemas relacionados ao ouvido, nariz e garganta. Além disso, um fonoaudiólogo também pode atuar no processo de diagnóstico e reabilitação auditiva, especialmente no ajuste de aparelhos auditivos e na terapia de adaptação.
Revisão: Dr. Guilherme Yamamoto – médico geneticista