O sequenciamento do DNA humano, fruto do Projeto Genoma, possibilitou um grande avanço científico. A partir dele, agora é possível identificar e estudar mais a fundo condições genéticas que, muitas vezes, eram desconhecidas até então. Uma dessas condições é o quimerismo humano.
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O que é quimerismo?
O quimerismo é uma condição genética bastante rara. Estima-se que existam aproximadamente apenas 40 casos registrados em humanos. Caracteriza-se pela situação em que o indivíduo possui dois ou mais conjuntos de células geneticamente distintas, que se originaram de diferentes zigotos.
No caso dos humanos, por exemplo, a mesma pessoa pode ter duas sequências genéticas diferentes, cada uma presente em uma população de células. Ou seja, esse indivíduo possui dois DNAs, como se fosse duas pessoas distintas em uma só.
Essa condição, apesar de genética, não é hereditária, isto é, tem relação com os genes e DNA, mas não é necessariamente transmitida de pais para filhos.
O que causa o quimerismo?
Essa rara condição acontece quando dois óvulos fecundados se fundem nos quatro primeiros dias de gestação. Quando essa fusão ocorre após os quatro primeiros dias, são formados os gêmeos siameses.
Caso não houvesse essa fusão, seriam gerados gêmeos não idênticos ou, como chamados tecnicamente, bivitelinos, pois se originaram de óvulos e espermatozoides distintos.
Diferentemente dos gêmeos idênticos, originados do mesmo óvulo e espermatozoide, e que, portanto, compartilham exatamente o mesmo DNA, os gêmeos bivitelinos possuem sequências genéticas diferentes, da mesma forma como irmãos que não são gêmeos.
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Quando ocorre essa fusão entre os dois zigotos, como cada um possui sua própria sequência genética, o indivíduo que será formado passará a ter duas sequências diferentes, como se fosse duas pessoas em uma.
Se os zigotos que se fundiram tiverem o mesmo sexo, o indivíduo gerado terá esse mesmo sexo biológico e poderá viver toda sua vida sem saber da condição de quimerismo. Agora, caso os zigotos tenham sexo biológico diferentes, a pessoa formada poderá ser intersexual.
Em alguns casos de quimerismo, o indivíduo pode ainda apresentar alguns sinais físicos, como heterocromia, isto é, um olho de cada cor, ou pele com coloração desigual.
O quimerismo pode influenciar no resultado do teste genético?
Os casos de quimeras humanas tornaram-se mais evidentes após os testes genéticos. Caso a pessoa com quimerismo gere um filho e os dois indivíduos realizem um teste de paternidade, o resultado pode dar negativo. Isso ocorre pois como o pai ou mãe possui diferentes sequências genéticas, a amostra de DNA coletada para análise pode não ser da mesma sequência que foi transmitida ao filho.
Contudo, como a pessoa com quimerismo foi formada a partir da fusão de dois zigotos irmãos, o teste genético poderia apontar o filho como um possível sobrinho ou sobrinha. Se os avós forem testados, não haverá divergência no resultado, pois eles continuarão compartilhando a mesma quantidade genética comum entre avós e netos.
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Mulher quimera é acusada de sequestro e quase perde a guarda dos filhos
Em um dos casos registrados dessa condição, uma mulher do estado de Washington, nos Estados Unidos, foi acusada de não ser a mãe biológica de seus filhos e, por conta disso, corria o risco de perder a guarda das crianças e ser incriminada por sequestro.
Mesmo com documentos que comprovavam a gestação e nascimento das crianças, o resultado do teste genético deu negativo, o que despertou a desconfiança das autoridades.
Depois de muita pesquisa e investigação, os médicos realizaram um novo teste, analisando agora o DNA presente na tireoide da mulher. O resultado do novo exame foi diferente, afirmando a compatibilidade genética entre mãe e filhos.
O mistério foi resolvido e, como conclusão, descobriram que a mãe das crianças não era uma sequestradora, mas uma mulher quimera.
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Teste de DNA revela a homem que seu filho é, na verdade, seu sobrinho
Um outro caso de quimerismo, também nos Estados Unidos, gerou desconfianças e confusão antes de entenderem se tratar dessa condição genética.
Após diversas tentativas de gerarem um filho, um casal decidiu fazer a fertilização in vitro, e para isso procuraram uma clínica especializada. Tudo ocorreu bem, mas, após o nascimento do filho, um exame de sangue revelou que a criança não tinha o mesmo tipo sanguíneo que seus pais.
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Com medo de que a clínica tivesse cometido um erro e trocado os espermatozoides do pai com os de outro homem, o casal resolveu fazer um teste de DNA via coleta de saliva. E o resultado não só apontou que ele não era o pai, mas que a criança era, na verdade, filha de um irmão.
Frente a um cenário inimaginável, os pesquisadores já desconfiados de que o pai da criança teria dois códigos genéticos, coletaram diferentes amostras de DNA do homem. E a conclusão foi exatamente essa: ele era uma quimera. O DNA presente na saliva era diferente do que constava no sêmen, ainda que compartilhassem algum material genético, afinal, o homem era o seu próprio irmão.
A Quimera na Mitologia
No passado, antes da ciência explicar os fenômenos naturais e biológicos, a Mitologia era usada para esse fim. Agora, nos dias atuais, os cientistas passaram a se inspirar e utilizar de alegorias mitológicas para definirem esses fenômenos. O quimerismo é uma delas.
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A expressão é inspirada na criatura mitológica chamada Quimera, justamente por ser caracterizada como um híbrido entre dois ou mais animais.
A quimera mais conhecida da mitologia é descrita com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente. Em algumas versões do mito, possui a cabeça desses três animais.
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