É comum que em certos momentos da vida sejamos tomados pela necessidade de alterar nosso comportamento alimentar. Os motivos podem ser diversos, englobando desde questões de saúde até objetivos de mudança física. No entanto, seja qual for a motivação, será que o que comemos tem o poder de influenciar nossa genética?
Você já parou para pensar, porque algumas pessoas alcançam resultados alimentares com mais facilidade do que outras?
Para responder a perguntas como essa, diversos estudos têm sido realizados e vêm ganhando grande destaque ao redor do mundo. Os dados provenientes dessas pesquisas têm permitido compreender melhor a relação entre alimentação, saúde e resposta à atividade física, e como o comportamento alimentar pode interferir inclusive em questões tipicamente associadas à predisposição genética.
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A ciência que estuda a integração entre esses aspectos é atualmente denominada Nutrigenômica, e os dados obtidos têm vindo de encontro à famosa frase “somos aquilo que comemos”. Isso porque fica cada vez mais evidente que, apesar de nosso DNA conter genes que não se alteram ao longo de nossa vida, certos genes podem funcionar de maneira diferente em cada organismo, de acordo com os fatores aos quais somos expostos.
O que a genética tem a ver com nossa alimentação?
Nesse contexto, a alimentação possui um importante papel na regulação da expressão gênica. Ou seja: a forma como nos alimentamos pode influenciar no funcionamento de nossos genes. E entender essa relação é o principal objetivo da nutrigenômica.
Graças aos avanços na área, atualmente já podemos contar com diversos testes genéticos que avaliam genes associados a questões como obesidade, intolerâncias alimentares e ao metabolismo de maneira geral, o que ajuda a identificar determinadas predisposições genéticas e entender como podem estar associadas aos nossos hábitos alimentares.
Frutas e Vegetais influenciam na reprogramação do DNA?
Sim, as frutas e vegetais influenciam positivamente na reprogramação do DNA. Isso ocorre graças aos fitoquímicos, moléculas presentes nesses grupos alimentares, além de contribuírem com benefícios tais como acções anti-inflamatórias, possuem o poder de influenciar o funcionamento de nosso material genético, gerando efeitos muito positivos em nosso organismo, com modificações que podem, inclusive, ser herdadas pelas próximas gerações. São as chamadas “alterações epigenéticas”.
O professor Thomas Ong, pesquisador do FoRC (Food Research Center) e especialista em nutrigenômica, cita a importância do sequenciamento do DNA humano – realizado pelo Projeto Genoma – para o entendimento de que nossa saúde, na realidade, depende de uma série de fatores além dos genéticos. “Havia uma expectativa de que a cura de doenças como câncer, diabetes, obesidade e outras pudesse ser uma consequência direta do sequenciamento do DNA. Mas isso não ocorreu. Constatou-se que as variáveis ambientais pesam também e que a genética, sozinha, não explica tudo”, resume.
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“Os alimentos, além de conter nutrientes como carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e minerais, contêm os chamados compostos bioativos. E cada um desses compostos tem diferentes maneiras de afetar o funcionamento dos genes. Dependendo dessa influência, o indivíduo tem chances maiores ou menores de desenvolver determinadas doenças, ou de preveni-las”, explica Ong. “Os pesquisadores estão procurando entender o que esse conjunto de bioativos faz no organismo.”
O que são alterações epigenéticas?
Tratam-se de modificações que ocorrem dentro das células, na cromatina – uma estrutura composta por nosso DNA e algumas proteínas específicas. Tais alterações são decorrentes da influência de questões como dietas, exercícios físicos, e fatores ambientais aos quais somos expostos, o que inclui nosso estilo de vida de modo geral.
A alteração mais comum é a adição de um composto químico denominado “grupo metila” ao DNA (processo denominado metilação) ou alterações nas histonas – proteínas responsáveis por compactar nosso DNA e fazer com que ele caiba em nossas células.
Tais modificações funcionam como marcas que sinalizam quais genes devem ser ativados e quais silenciados. Essas marcas podem ser herdadas por gerações, porém também podem ser revertidas e alteradas diariamente ao longo de nossas vidas.
Alimentação e genética: uma relação complexa
A nossa visão e perspectiva sobre alimentos devem ir muito além de nomenclaturas – carboidratos, proteínas e gorduras – bem como seus resultados em nosso corpo, envolvendo energia e nutrientes.
Atualmente já sabemos que o que comemos pode influenciar nosso DNA de diversas formas, inclusive de forma persistente e hereditária.
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