Quando a mãe pode transmitir HIV para seu bebe?

O caso de gestantes soropositivas vem aumentando a cada ano. Isso é uma consequência do crescimento recente do número de pessoas que contraem o vírus do HIV.

Mesmo com todo o avanço que a ciência obteve ao longo das últimas décadas, os casos de transmissão vertical de HIV ainda são decorrentes. Há alguns anos, se a futura mamãe fosse portadora do vírus, seu bebê inevitavelmente o teria.

Mas atualmente, com a tecnologia e novos procedimentos realizados nas gestantes, o bebê tem a possibilidade de nascer livre da contaminação e ter uma vida normal, por isso, o diagnóstico e o tratamento precoce são tão importantes para a saúde do recém-nascido.

No artigo de hoje, vamos falar um pouco sobre esses exames fundamentais para evitar que o bebê também tenha o vírus HIV e como ocorre a transmissão de mãe para filho.

Exames fundamentais para evitar que o bebê seja soropositivo

Os exames fundamentais que uma futura mamãe precisa fazer durante o pré-natal, para assegurar que seu filho não seja portador do vírus HIV, são:

  • Até os primeiros três meses da gestação: HIV, sífilis e hepatites;
  • Nos últimos três meses da gestação: HIV e sífilis;
  • Vítimas de violência sexual ou contato com situações de risco: HIV, sífilis e hepatites;
  • Casos de aborto: sífilis.

Durante o parto também devem ser feitos os exames de HIV e sífilis, mesmo com os exames anteriores. Caso a gestante não tenha tomado a vacina da hepatite B, o exame também deverá ser feito no momento do parto.

Transmissão vertical: Quando a mãe pode transmitir HIV para seu bebe?

Transmissão vertical é quando a mãe transmite o vírus HIV para seu bebe durante o período de gestação, no parto ou no aleitamento materno. 

Foi em 1985 que um boletim médico registrou o primeiro caso de transmissão vertical. Desde então, segundo o Ministério da Saúde, até 2006, cerca de 78,1% das crianças até 13 anos que são portadoras do vírus foram contaminadas dessa forma.

Grande parte da transmissão vertical acontece no nascimento do bebê. Seja durante o trabalho de parto ou na sua concepção, os casos de transmissão nessa fase representam 65%. Os outros 35% acontecem durante a gestação, especialmente nos últimos meses.

A amamentação também é considerada de risco em mães que são portadoras do vírus. O risco de transmissão por esse meio é 30% maior.

No entanto, a taxa de transmissão pode ser reduzida a 8,3% se o pré-natal for feito de forma correta. É o que indica nos estudos feitos nos Estados Unidos e na França, que originaram o Protocolo ACTG 076.
Este protocolo trata de práticas preventivas para evitar a transmissão do vírus HIV aos bebês, mesmo quando ainda estão em gestação.

Como é descoberto o HIV na gravidez

A utilização de antirretrovirais durante a gestação na mãe e após o nascimento no bebê vem sendo eficaz para evitar a transmissão do vírus. Medidas de profilaxia são tomadas ainda na gestação. Mas para seja dado o início ao tratamento, a gestante precisa ser diagnosticada corretamente.

A recomendação do Ministério da Saúde é para que as gestantes já façam os exames anti-HIV na primeira consulta de seu pré-natal. A utilização de testes rápidos é permitida e o diagnóstico se confirmado até o início do terceiro mês, garante maiores chances de sucesso do tratamento.

As Unidades Básicas de Saúde da Família são um grande aliado no diagnóstico precoce do HIV. Isso porque nessas unidades, muitas vezes, é onde ocorrem os primeiros exames de pré-natal. A facilidade de contato com a comunidade também é um fator que determina a importância das unidades na contenção da transmissão do vírus HIV.

A adesão das gestantes aos testes anti-HIV ainda é pequena. É o que indica o estudo de Szwarcwald. Essa baixa adesão pode indicar uma limitação no acesso aos testes. Outro fator que pode contribuir para esse resultado, é a falta de acesso à informação sobre tamanha importância do pré-natal.

O pré-natal é o principal aliado da gestante para evitar que a transmissão acontece a seu bebê. Esta fase se inicia no diagnóstico da gestante portadora do HIV. Ao ser constatado ser um caso positivo, um acompanhamento psicológico e emocional é oferecido à gestante e sua família.

Há casos em que a gestante já está ciente que é soropositiva e já faz uso de antirretrovirais (ARV) por seu estado imunológico/clínico (TARV-Tratamento). Quando o diagnóstico só é obtido na gestação, inicia-se o uso dos Antirretrovirais (ARV) por meio profilático. Isso para evitar a transmissão vertical durante a gestação.

No segundo caso, a gestante volta a ser avaliada após o término da gestação (cerca de 14 dias) para retirada dos ARV por profissional especializado.

Quando a gestante já tem conhecimento de sua condição e já faz o tratamento com Antirretrovirais, a medida preventiva é continuar com seu tratamento, pois a interrupção pode ocasionar riscos tanto para a mãe quanto o bebê.

Já quando a paciente é diagnosticada no pré-natal, a profilaxia indica que a idade gestacional recomendada para o início do tratamento seja a partir da 14° semana de gestação.

O medicamento utilizado para o tratamento da gestante é o zidovudina (AZT). Ele também deve ser inserido na medicação da gestante que já fazia tratamento antes da gestação. É necessário também um exame para a contagem de CD4+ e quantificação viral antes do tratamento.

Os efeitos da zidovudina (AZT) sobre o bebê e a mãe, durante o período de gestação ainda não estão totalmente explícitos. O Ministério da Saúde divulgou ainda que não existem estudos que apresentem as consequências da medicação usada no tratamento ARV para o feto.

Tanto o ARV quanto o AZT podem ser utilizados no tratamento. Sempre seguindo a orientação de se iniciar a partir da 14ª semana da gestação. O AZT é aplicado via intravenoso e deve ser utilizado inclusive durante o trabalho de parto e no parto. É altamente recomendado que ele seja mantido até o clampeamento do cordão umbilical.

Mesmo que a gestante não tenha iniciado a profilaxia com o ARV, o AZT deve ser ministrado via intravenosa. As gestantes que estejam fazendo o uso do AZT precisam ser avaliadas periodicamente.

Esses exames periódicos garantem que o acompanhamento do nível hepático seja feito corretamente. Isso possibilita a detecção da anemia associada a esses tipos de tratamento. Neste exame também é verificado o nível da CD4. O nível dessa molécula determina a profilaxia em casos de infecções recorrentes neste tratamento.

O Ministério da Saúde recomenda o seguinte esquema de ARV para ser utilizado durante a gestação: Lamivudina (3TC) e AZT combinados com Nelfinavir (NFV) ou Nevirapina (NVP). Em situações que ocorrem infecções, a quimioprofilaxia também é utilizada.

Orientação à gestante HIV positiva é fundamental no tratamento

O sucesso da adesão da gestante ao tratamento está intimamente ligado à assistência oferecida. Desde o diagnóstico, passando pelo acompanhamento dos sintomas até o encaminhamento médico adequado. Em algumas situações é necessário que seja suspenso o tratamento do ARV, em razão às reações adversas. Mas cabe lembrar que somente se houver instrução médica é que o tratamento ARV deverá ser suspenso.

Os casos de suspensão ocorrem devido à meia vida dos medicamentos do ARV. Quando isso acontece, eles devem ser suspensos de imediato.

Toda gestante que esteja na situação soropositiva deve ser informada sobre o uso oral do AZT a partir da 14ª semana de gestação. Nessa abordagem, a gestante também deve ser informada sobre o tratamento TARV, que poderá ser indicado após uma avaliação médica criteriosa, baseando-se em exames clínicos e laboratoriais.

Ainda sobre o tratamento TARV, a idade gestacional é uma informação de extrema importância para que seja aplicado a medicação corretamente.

Como prevenir o HIV?

A forma de prevenção mais eficaz até hoje não só do HIV, mas de todas as doenças sexualmente transmissíveis ainda é o preservativo. Para o bem do bebê e da gestante, é primordial o seu uso, para que não haja contato de risco ou alteração no diagnóstico. Previnam-se, é muito importante.

Você sabia de todos esses detalhes de uma gestação em mulheres soropositivas? Graças aos avanços da medicina, é possível que um bebê não seja contaminado com o vírus.

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Referências

  1. BRASIL, Ministério da Saúde. Protocolo para a prevenção de transmissão vertical de HIV e sífilis. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_prevencao_transmissao_verticalhivsifilis_manualbolso.pdf. Acesso em: 04/2019
  2. CARTAXO, C. et al., Gestantes portadoras de HIV/AIDS: Aspectos psicológicos sobre a prevenção da transmissão vertical. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v18n3/02.pdf. Acesso em: 04/2019
  3. PORTAL EDUCAÇÃO. Transmissão vertical do HIV. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/transmissao-vertical-do-hiv/30937. Acesso em 04/2019.